sábado, 9 de abril de 2022

ENCONTRADA A GALÁXIA MAIS ANTIGA NO UNIVERSO, À 13,5 BILHÕES DE ANOS



Descoberta por uma equipe de astrônomos japoneses, usando vários telescópios em todo o mundo, a galáxia HD1 é a mais distante no tempo, localizada a 13,5 bilhões de anos atrás. Isso é surpreendente: apenas 300 milhões de anos após o Big Bang! A divulgação acontece logo após a descoberta de Earendel, a estrela mais distante no tempo, a 12,9 bilhões de anos. É uma viagem no tempo da mais elevada ordem:  HD1 pode não mais existir, mas sua luz ainda está viajando em nossa direção.

HD1 foi encontrada usando 1.200 horas de observações e dados obtidos pelo Telescópio Subaru, Telescópio VISTA, Telescópio Infravermelho do Reino Unido e Telescópio Espacial Spitzer.  A equipe então realizou observações de acompanhamento usando o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) para confirmar a distância, que é 100 milhões de anos a mais do que GN-z11, a atual detentora do recorde para a galáxia mais distante. 

O artigo científico descrevendo a descoberta, foi publicado ontem, dia 7 de abril de 2022, no The Astrophysical Journal, com o título de "A Search for H-Dropout Lyman Break Galaxies at z~12-16”. “Foi um trabalho muito difícil encontrar a HD1 entre mais de 700.000 objetos”, diz Yuichi Harikane, o astrônomo que descobriu a galáxia. “Mas sua cor vermelha combinava surpreendentemente bem com as características esperadas de uma galáxia a 13,5 bilhões de anos.

A cor da HD1 é vermelha porque o comprimento de onda de sua luz é dilatado ao longo do tempo enquanto viaja pelo espaço, desviando para o lado vermelho do espectro eletromagnético (redshift z = 13.3).  Como o Universo está se expandindo, galáxias muito distantes parecem se afastar de nós a velocidades maiores do que galáxias mais próximas. 

O que também é surpreendente na HD1 é sua extrema luminosidade. Ela é particularmente brilhante na luz ultravioleta,  indicando atividade altamente energética. Portanto é considerada uma galáxia formadora de estrelas muito ativa, e estima-se que esteja formando mais de 100 estrelas a cada ano, uma taxa 10 vezes superior que a média. Um buraco negro supermassivo no centro, no entanto, também poderia explicar sua extrema luminosidade: à medida que absorve enormes quantidades de gás, fótons de alta energia podem ser emitidos pela região ao redor do buraco negro.

Já está na programação do Telescópio Espacial James Webb  observar a HD1 ainda este ano, confirmar sua existência e descobrir suas propriedades físicas. 

Então, por enquanto, a HD1 é considerada uma galáxia “candidata” até que seja confirmada por uma equipe diferente de cientistas usando equipamentos ou métodos distintos. É assim que a ciência funciona.

https://arxiv.org/abs/2112.09141


Créditos: Paulo Leme

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