terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

A ERA DOS PLANETAS EXTRAGALÁCTICOS



     Até meados de 1995 sabíamos da existência de planetas somente no Sistema Solar. Eram conhecidos nove planetas naquela ocasião (Plutão deixou de ser classificado como planeta em 2006 pela União Astronômica Internacional). Nas duas últimas décadas, dado aos avanços tecnológicos, a descoberta de exoplanetas se deu em grande escala, principalmente com o Telescópio Kepler, que sozinho descobriu mais de 2.600 exoplanetas, estabelecendo assim que os planetas são onipresentes na Via Láctea. 
    Com estes dados torna-se natural inferir que no regime extragaláctico os planetas também são comuns. Porém faltava-nos técnicas de observação para testar esta hipótese pois, comparados aos seus irmãos galácticos, os planetas extragalácticos estão muito mais distantes e portanto mais difíceis de separá-los estando próximos a suas estrelas / galáxias hospedeiras.

Imagem da lente gravitacional RX J1131-1231, com a galáxia elíptica em primeiro plano no centro e quatro imagens do quasar em lente. Estima-se que existam trilhões de planetas na galáxia da lente. Crédito da imagem: Universidade de Oklahoma.
     
      Desta forma, como ferramenta surge a micro-lente gravitacional, que permite a detecção de planetas em outras galáxias.
Este efeito de micro-lente é um fenômeno astronômico que pode ser usado para detectar objetos que vão desde a massa de um planeta até a massa de uma estrela, independente da luz que emitem.
      Foi desta forma que uma equipe de astrofísicos da Universidade de Oklahoma descobriram pela primeira vez uma população de planetas fora da nossa galáxia. Até o estudo apresentado por eles, não havia evidências de planetas em outras galáxias.

    Ainda de acordo com os pesquisadores, o resultado mostra o quão poderosa é a técnica de análise de micro-lentes extragaláctica, a única para se detectar planetas a distâncias gigantescas da Terra. A galáxia utilizada no estudo dos astrofísicos de Oklahoma (RXJ 1131-1231) está a 3,8 bilhões de anos-luz de distância, e é impossível observar planetas a esta distância diretamente, nem mesmo com os maiores telescópios existentes. No entanto, com o efeito de micro-lente os cientistas são capazes de identificar a presença de corpos menores estimando até mesmo suas massas.                   
    Além de utilizarem o Observatório de Raios X (Chandra) da Nasa, a equipe de cientista de Oklahoma calcularam os modelos de micro-lente no Centro de Supercomputação para Educação e Pesquisa da Universidade de Oklahoma.





Por Gilberto Dumont





A publicação do artigo em 2018 na íntegra:
https://iopscience.iop.org/article/10.3847/2041-8213/aaa5fb/meta

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