terça-feira, 17 de abril de 2018

Trappist-1



Há menos de um ano, uma grande descoberta era anunciada no meio científico: Trappist-1 e seus sete planetas. A grandiosidade do anúncio não se dava à descoberta de outros planetas, conforme valorizado equivocadamente pelos meios de comunicação. Descoberta de planetas já é normal nos dias atuais, principalmente após o lançamento do telescópio Kepler (desde 2009), que sozinho já descobriu mais de mil planetas. O êxito da descoberta dava-se pelas características do sistema constituído por sete planetas, todos orbitando uma anã-vermelha, além dos sete possuírem semelhanças com a Terra apresentando, portanto, condições de serem habitados.


Trappist-1 é uma estrela anã vermelha ultrafria (bem mais fria que o nosso Sol) e pouco maior que Júpiter. Está a uma distância de pouco mais de 39 anos luz do nosso sistema solar, na direção da constelação de aquário. Esta classe é a mais abundante em nossa galáxia (30 a 50% das estrelas). A classe do nosso Sol, por exemplo, equivale a somente 10%, de uma estimativa que varia de 100 a 400 bilhões de estrelas na galáxia. 
O nome Trappist-1 vem do telescópio belga localizado no Chile e responsável pela primeira detecção (Transiting Planets and Planetesimals Small Telescope), sendo complementada posteriormente pelo VLT (Very Large Telescope) da ESO (European Southern Observatory) e pelo telescópio espacial Spitzer da NASA. Com o lançamento do James Webb Space Telescope, programado para 2019, os astrônomos contam com o auxílio do infravermelho para identificar a composição atmosférica dos planetas, principalmente a presença de oxigênio, fundamental para o desenvolvimento da vida como a conhecemos. Planetas não emitem luz própria, porém emitem radiações em infravermelho, sendo possível ao James Webb identificar a química presente em suas atmosferas. 
A equipe de cerca de trinta astrônomos internacionais coletou evidências e afirma que o sistema com sete planetas é do tipo terrestre, o que proporcionaria somado à disposição em relação à estrela, um clima adequado e presença de água na forma líquida. 
A luminosidade refletida pelo planeta é ofuscada pela luz forte da estrela, assim é bastante minucioso o trabalho para identificar exoplanetas pelo método de imageamento, ainda que com enormes telescópios. Por isso o método de maior sucesso utilizado para descoberta de exoplanetas é o método do trânsito, onde espectrógrafos analisam o decaimento da luminosidade da estrela observada quando um corpo passa à sua frente. A mensuração deste decaimento é bastante precisa para se verificar o raio de planetas. O método da Velocidade Radial pode complementar algumas destas observações, sendo o segundo método de descoberta mais efetivo após o método de trânsito, porém é mais eficiente para descoberta de planetas mais massivos. Através da espectrografia da estrela Trappist-1 e comparação ao seu sistema, foi possível identificar a massa dos planetas. Com o diâmetro temos o volume, que associado à massa nos dá a densidade, e assim chega-se à conclusão da semelhança aos planetas rochosos do nosso sistema solar, com densidade aproximada de 5,5 g/cm3 (com exceção de Marte, fruto da oxidação do Ferro). 
Embora as condições expostas na descoberta sejam promissoras, habitar esse sistema ainda é impossível a nós terráqueos. Estando a 40 anos-luz de distância (380 trilhões de Km), com a atual tecnologia levaríamos quase um milhão de anos para chegar até este sistema. Trappist-1 apresenta um baixo consumo de hidrogênio devido suas pequenas dimensões, o que proporcionará uma vida de centenas de bilhões de anos para essa estrela, ao contrário do nosso Sol, que possui hidrogênio por aproximadamente mais 5 bilhões de anos somente. 



Fonte: Costa, J. R. V. Os sete mundos de TRAPPIST-1. Astronomia no Zênite, fev 2017. Disponível em: http://www.zenite.nu/os-sete-mundos-de-trappist-1/

http://www.spitzer.caltech.edu/video-audio/1635-ssc2017-01v1-The-Seven-Wonders-of-TRAPPIST-1



Revista Kappa Crucis – nº01 Primavera 2017, pág 16 a 18.


http://www.ccvalg.pt/astronomia/noticias/2017/07/18_vida_trappist_1.htm

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